15 de abril de 2013

O Realismo da Ressurreição

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Nós acreditamos e por isso falamos, sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos há-de ressuscitar com Jesus, e nos fará comparecer diante dele junto de vós. (…) Por isso, não desfalecemos, e mesmo se, em nós, o homem exterior vai caminhando para a ruína, o homem interior renova-se, dia após dia. (…) Não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas. 2 Coríntios 4: 14, 16, 18

Antropologia hebraica e antropologia grega
A ideia de que a alma é imortal e está destinada à eternidade e de que o corpo, que esta encarna durante um tempo, é mortal e como tal está destinado a desaparecer, tem que ver com a antropologia dualista grega e nada que ver com o pensamento bíblico.

Na antropologia hebraica e bíblica nem a alma é imortal nem o corpo é mortal. No nosso ser, a dimensão corporal e espiritual formam um todo indivisível. Se durante a nossa vida terrena o corpo tem uma alma que o anima; na nossa vida depois da morte, a alma tem um corpo que lhe dá forma; um corpo que não é físico mas sim espiritual; com a mesma forma, mas não a mesma natureza.

A matéria visível é feita de coisas invisíveis
Sempre demos por suposto que a matéria é visível e o espírito invisível; na realidade não é assim. A Física quântica dos nossos tempos, que destronou para sempre a física mecanicista e materialista de Newton, diz-nos que a realidade visível é constituída por realidades invisíveis. O átomo, considerado como o "tijolo" de construção da matéria, é invisível e é constituído por um electrão sempre em movimento, dentro de uma nebulosa, cujo centro é composto por neutrões e protões; estes por sua vez são constituídos por quarks, que por sua vez são ainda constituídos pela partícula mais elementar descoberta recentemente e apelidada "a partícula de Deus". Com isto podemos concluir que definições simplistas como: a matéria é visível e o espírito é invisível não têm nada que ver com a física dos nossos dias.

A metáfora da água
A água, sem em nenhum momento deixar de ser o que é, existe na natureza em três estados diferentes: sólido, líquido e gasoso. No estado gasoso a água, não perdendo nada do que a caracteriza na sua essência, existe de uma forma intangível e invisível.

Como a água, que sem deixar de ser o que é na sua essência pode existir de uma forma intocável e não visível, assim nós, como pessoas, podemos existir também de uma forma invisível e intangível no nosso corpo espiritual, que substitui o nosso corpo físico depois da morte. O nosso corpo físico é a nossa forma de ser e de estar no tempo e no espaço; o nosso corpo espiritual será a nossa forma de ser e existir para além do tempo e do espaço.

Voltando à nossa analogia, a água em estado sólido e gasoso é como se estivesse no limbo pois está em estado puro. Mas ela só é princípio de vida quando existe em estado líquido, não pura mas, potável. Quando o vapor de água se condensa, em forma de chuva ou de orvalho, penetra na mãe terra, e depois de adquirir um “corpo físico” formado pelos sais minerais que a compõem nasce da terra, por isso se chama "nascente de água".

Os sais minerais são o corpo físico da água, pois a transformam de pura em potável e a fixam no interior de todo organismo vivo. A água pura, sem os sais minerais, não é princípio de vida porque, não conseguindo retê-la em estado puro, com ela, os seres vivos se desidratariam e morreriam.

Quando a água se evapora, larga os sais minerais que eram a sua forma de ser e estar neste mundo e, volta a existir em estado puro. A evaporação da água é como a nossa morte; tal como a água, que não precisa dos sais minerais para ser água, nós não precisamos do nosso corpo físico para ser o que somos, filhos de Deus; não é portanto, o nosso corpo físico que nos identifica ante Deus mas sim o nosso corpo espiritual.
Pe. Jorge Amaro, IMC